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PLATÃO CAVOU UM ARZINHO RISONHO. ACENDEU UM CIGARRO... |
Platão cavou um arzinho risonho. Acendeu um cigarro. Disse sem olhar: - Eu espero o ônibus da Light. - Milionário é assim. Primeiro deu um puxão nos punhos postiços. Depois respondeu: - Nem tanto... O19 passou abarrotado. Argemiro não falava. Platão sim de vez em quando: - Esse é um dos motivos por que eu prefiro o ônibus da Light apesar do preço. Tem sempre lugar. Depois é um Patek. Mas era só para moer. Argemiro deu adeusinho e aboletou-se à larga num 19 vazio. Então Platão soltou um suspiro e pongou o 13 que vinha atrás. Ficou no estribo. Agarrado no balaustre. Imaginando desastres medonhos. Por exemplo: cabeçada num poste. Escapando do primeiro no segundo. Impossível evitar. Era fatal. Uma sacudidela do bonde e pronto. Miolos à mostra. E será que a Nhana casaria de novo? - O senhor dá licença? - Toda. Não tinha visto o lugar. Pois a mulher viu. Que danada. Toda a gente passava na frente dele. Triste sina. Tomava cocaína. Ora que bobagem. - Ô Seu Platãozinho! A voz do Argemiro. Enfiou o rosto dentro do bonde. - Ô seu pândego! O cavalheiro do balaústre foi amável: - Parece que é com o senhor. - Olá, Argemiro, como vai você? - Te gozando, Platãozinho querido! Resolveu a situação descendo. - Não tem nada de extraordinário3 Argemiro. Não precisava lazer tanto escândalo. Homessa! Então eu sou obrigado a andar de ônibus só? E ainda por cima da Light? E não tendo dinheiro trocado no bolso? Homessa agora! Homessa agora! - Até outra vez, seu bocó! |
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