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Entre marido e mulher houve um entendimento mudo. E a família saiu
cheinha de embrulhos. Em direção ao Jardim da Luz.
O pavão estava só à espera dos visitantes para abrir a cauda. O
veadinho quase ficou com a mão do Gaudêncio. Os macacos exibiram
seus melhores exercícios acrobáticos. Quando araponga inventa de
abrir o bico só tapando o ouvido mesmo.
Depois o fotógrafo espanhol se aproximou de chapéu na mão. Seu
Dagoberto concordou logo. Porém Silvana relutou. Tinha vergonha.
Diante de tanta gente. Só se fosse mais longe. O espanhol
demonstrou que o melhor lugar era ali mesmo ao lado da herma de
Garibaldi general italiano muito amigo do Brasil. Já falecido não
há dúvida. Acabou-se. Garibaldi sairia também no retrato. Nem
se discute. A família deixou os pacotes no banco e se perfilou diante
da objetiva. Parecia uma escada. O fotógrafo não gostou da
posição. Colocou os pais nas pontas. Cinco passos atrás.
Estudou o eleito. Passou os pais para o meio. Cinco passos atrás.
Ótimo. Enfiou a cabeça debaixo do pano. Magnífico. Ninguém se
mexia. Atenção. Aí Juju derrubou a chupeta de bola e soltou o
primeiro berro no ouvido paterno. Foi para os braços da mãe.
Soltou o segundo. O fotógrafo quis acalmá-lo com gracinhas.
Soltou o terceiro. Polidoro mostrou a bengalinha. Soltou o quarto.
O grupo se desfez. Quinze minutos depois estava firme de novo às
ordens do artista. O artista solicitou a gentileza de um sorriso
artístico. Silvana pôs a mão na boca e principiou a rir sincopado.
O artista teve a paciência de esperar uns instantes. Pronto.
Cravaram os olhos na objetiva. O fotógrafo pediu o sorriso.
- O Juju também?
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