OLHOU PARA CIMA. OLHOU LONGE. OLHOU PERTO...



Olhou para cima. Olhou longe. Olhou perto.

Diacho. Parece impossível.

- São Paulo-Jornal!

Quase derrubou o homem na esquina. O italiano perguntou logo:

- Qual é?

Atrapalhou-se todo:

- Eu não sei não senhor.

- Então leva O Estado!

Pegou o jornal. Ficou com ele na mão feito bobo.

- Duzentos!

Quase chorou. O homem arrancou-lhe a moeda dos dedos que tremiam. E ele continuou a andar. Com o jornal debaixo do braço. Mas sua vontade era voltar, chamar o homem, devolver o jornal, readquirir o duzentão. Mas não podia. Por que não podia? Não sabia. Continuou andando. Mas sua vontade era voltar. Mas não podia. Não podia. Não podia. Continuou andando.

Que remédio senão se conformar? Não tomava sorvete. Dois sorvetes. Dois. Mas tinha O Estado.

O Estado de São Paulo. Pois é. O jornal ficava com ele. Mas para quê, meu Espírito Santo? Engoliu um soluço e sentiu vergonha.