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A cidade de Sant'Ana dos Pescadores fora em tempos idos uma
cidadezinha próspera. Situada entre o mar e a montanha que escondia
vastas vargens férteis, e muito próximo do Rio, os fazendeiros das
planuras transmontanas preferiam enviar os produtos de suas lavouras
através de uma garganta, transformada em estrada, para, por mar,
trazê-los ao grande empório da Corte. O contrário faziam com as
compras que aí faziam. Dessa forma, erguida à condição de uma
espécie de entreposto de uma zona até bem pouco fértil e rica, ela
cresceu e tomou ares galhardos de cidade de importåncia. As suas
festas de igreja eram grandiosas e atraíam fazendeiros e suas
famílias, alguns tendo mesmo casas de recreio apalaçadas nela. O
seu comércio era por isso rico com o dinheiro que os tropeiros lhe
deixavam. Veio, porém, a estrada de ferro e a sua decadência foi
rápida. O transporte das mercadorias de "serra-acima" se desviou
dela e os seus sobrados deram em descascar como velhas árvores que vão
morrer. Os mercadores ricos a abandonaram e os galpões de tropa
desabaram. Entretanto, o sítio era aprazível, com as suas curtas
praias alvas que foram separadas por desabamentos de grandes moles de
granito da montanha verdejante do fundo do vilarejo, formando
aglomerações de grossos pedregulhos.
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