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MÁRIO Oh! que me importa? A tarde doura-me o suor da fronte ... |
MÁRIO Oh! que me importa? A tarde doura-me o suor da fronte... — Último louro desta vida morta! Crepusc’lo! mocidade! natureza! Inundai de fulgor meu dia extremo... Quero banhar-me em vagas de harmonia, Como no lago se mergulha o remo! E que amores que sonham as esferas! A brisa é de volúpia um calafrio. A estrela sai das folhas do infinito, Sai dos musgos o verme luzidio... Tudo que vive, que palpita e sente Chama o par amoroso para a sombra. O pombo arrula — preparando o ninho, A abelha zumbe — preparando a alfombra. As trevas rolam como as tranças negras, Que a andaluza desmancha em mago enleio; E entre rendas sutis surge medrosa A lua plena, qual moreno seio. Abre-se o ninho... o cálice.... o regaço... Anfitrite, corando, aguarda o noivo... (longa pausa) E tu também esperas teu esposo, Ó morte! Ó moça, que engrinalda o goivo! |
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