![]() |
![]() |
MÁRIO (tendo-a contra o seio) ... |
MÁRIO (tendo-a contra o seio) Sentir que a vida vai fugindo aos poucos Como a luz, que desmaia no ocidente... E boiar sobre as ondas do sepulcro, Como Ofélia nas águas da corrente... Sentir o sangue espadanar do peito — Licor de morte — sobre a boca fria, E meu lábio enxugar nos teus cabelos, Como Rola nas tranças de Maria, De teus braços fazer o diadema De minha vida, que desmaia insana, Esquecer o passado em teu regaço, Como Byron aos pés da Italiana; Em teu lábio molhado e perfumoso O licor entornar de minha vida... Escutar-te nas vascas da agonia, Como Fausto as canções de Margarida!... Eis como eu quero — na embriaguez da morte — Do banquete no chão pender a fronte... Inda a taça empunhando de teus beijos Sob as rosas gentis de Anacreonte!... (a noite tem descido pouco a pouco, o luar penetrando pela alcova alumia o grupo dos amantes) |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |