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V Hoje o Poeta — caminheiro errante ... |
V Hoje o Poeta — caminheiro errante, Que tem saudades de um país melhor. Pede uma pérola — à maré montante, Do seio às vagas — pede — um outro amor. Alma sedenta de ideal na terra Busca apagar aquela sede atroz! Pede a harmonia divinal, que encerra Do ninho o chilro... da tormenta a voz! E o rir da folha, o sussurrar da fala, Trenos da estrela no amoroso estio, Voz que dos poros o Universo exala Do céu, da gruta, do alcantil, do rio! Pede aos pequenos, desde o verme ao tojo, Ao fraco, ao forte... — preces, gritos, uivos... Pede das águias o possante arrojo, Para encontrar os meteoros ruivos. Pede à mulher que seja boa e linda — Vestal de um tipo que o ideal revela... Pois ser formosa é ser melhor ainda... Se és boa — és luz... mas se és formosa — estrela... E pede à sombra, pra aljôfar de orvalhos A fronte azul da solidão noturna, E pede às auras, pra afagar os galhos. E pede ao lírio, pra enfeitar a furna. Pede ao olhar a maciez suave Que tem o arminho e o edredom macio, O aveludado da penugem d’ave, Que afaga as plumas no palmar sombrio. |
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