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VIII Desde o primeiro dia do meu casamento ... |
VIII Desde o primeiro dia do meu casamento abriram-se-me na vida horizontes novos. Todo o sentimento de reserva e de misantropia que caracterizava os primeiros anos da minha mocidade desaparecia. Era feliz, completamente feliz. Amava e era amado. Quando se tratou de irmos para a província surgiu uma dificuldade; partir era deixar os dois velhos tão meus amigos, o pai e o tio de minha mulher; ficar era não acudir ao reclamo de minha mãe. Cortou-se a dificuldade facilmente. Os dois velhos resolveram partir também. Em chegando a este desenlace a narrativa perde o interesse para os que são levados pela curiosidade de acompanhar uma intriga amorosa. Cuido mesmo que nestas páginas pouco interesse haverá; mas eu narro, não invento. Direi pouco mais. Há cinco anos que tenho a felicidade de possuir Ângela por mulher; e cada dia descubro-lhe mais suas qualidades. Ela é para meu lar doméstico: A luz, A vida, A alma, A paz, A esperança, E a felicidade! Procurei por tanto tempo a felicidade na solidão; é errado; achei-a no casamento, no ajuntamento moral de duas vontades, dois pensamentos e dois corações. Feliz doença aquela que me levou à casa do Dr. Magalhães! Hoje tenho mais um membro na família: é um filho que possui nos olhos a bondade, a viveza e a ternura dos olhos de sua mãe. Ditosa criança! Deu-lhe Deus a felicidade de nascer daquela que é, ao lado de minha mãe, a santa querida da minha religião dos cânticos. F. (primeira parte) e S. (segunda parte) in: Jornal das Famílias, junho e julho de 1866. Fonte: Contos - Machado de Assis - Série Bom Livro - Editora Ática - 16.ª edição - 1991 |
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