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Isto feito, começou um estudo aturado e contínuo; analisava os
hábitos de cada louco, as horas de acesso, as aversões, as
simpatias, as palavras, os gestos, as tendências; inquiria da vida
dos enfermos, profissão, costumes, circunstâncias da revelação
mórbida, acidentes da infância e da mocidade, doenças de outra
espécie, antecedentes na família, uma devassa, enfim, como a não
faria o mais atilado corregedor. E cada dia notava uma observação
nova, uma descoberta interessante, um fenômeno extraordinário. Ao
mesmo tempo estudava o melhor regímen, as substâncias
medicamentosas, os meios curativos e os meios paliativos, não só os
que vinham nos seus amados árabes, como os que ele mesmo descobria,
à força de sagacidade e paciência. Ora, todo esse trabalho
levava-lhe o melhor e o mais do tempo. Mal dormia e mal comia; e,
ainda comendo, era como se trabalhasse, porque ora interrogava um
texto antigo, ora ruminava uma questão, e ia muitas vezes de um cabo
a outro do jantar sem dizer uma só palavra a D. Evarista.
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