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Paulo Barreto (João P. Emílio Cristóvão
dos Santos Coelho B.; pseudônimo literário: João do
Rio), jornalista, cronista, contista e teatrólogo, nasceu no Rio
de Janeiro, RJ, em 5 de agosto de 1881, e faleceu na mesma cidade em 23
de junho de 1921. Eleito em 7 de maio de 1910 para a Cadeira n. 26, na sucessão
de Guimarães Passos, foi recebido em 12 de agosto de 1910, pelo acadêmico
Coelho Neto. |
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Era filho de educador Alfredo Coelho Barreto e de Florência Cristóvão
dos Santos Barreto. Adepto do Positivismo, o pai fez batizar o filho na
igreja positivista, esperando que o pequeno Paulo viesse a seguir os passos
de Teixeira Mendes. Mas Paulo Barreto jamais levaria a sério a igreja
comtista, nem qualquer outra, a não ser como tema de reportagem.
Fez os estudos elementares e de humanidades com o pai. Aos 16 anos, ingressou
na imprensa. Em 1918, estava no jornal Cidade do Rio, ao lado de José
do Patrocínio e o seu grupo de colaboradores. Surgiu então
o pseudônimo de João do Rio, com o qual se consagraria literariamente.
Seguiram-se outras redações de jornais, e João do Rio
se notabilizou como o primeiro homem da imprensa brasileira a ter o senso
da reportagem moderna. Começou a publicar suas grandes reportagens,
que tanto sucesso obtiveram no Rio e em todo o Brasil, entre as quais "As
religiões no Rio" e inquérito "Momento literário",
ambos reunidos depois em livros ainda hoje de leitura proveitosa, sobretudo
o segundo, pois constitui excelente fonte de informações acerca
do movimento literário do final do século XIX no Brasil.
Nos diversos jornais em que trabalhou, granjeou enorme popularidade,
sagrando-se como o maior jornalista de seu tempo. Usou vários pseudônimos,
além de João do Rio, destacando-se: Claude, Caran dache,
Joe, José Antônio José. Como homem de letras, deixou
obras de valor, sobretudo como cronista. Foi o criador da crônica
social moderna. Como teatrólogo, teve grande êxito a sua
peça A bela madame Vargas, representada pela primeira vez em 22
de outubro de 1912, no Teatro Municipal. Deixou obra vasta, mas efêmera,
que de modo algum corresponde à imensa popularidade que desfrutou
em vida. Ao falecer, era diretor do diário A Pátria, que
fundara em 1920. No seu último "Bilhete" (seção
diária que mantinha naquele jornal), escreveu: "Eu apostaria
a minha vida (dois anos ainda, se houver muito cuidado, segundo o Rocha
Vaz, o Austregésilo, o Guilherme Moura Costa e outras sumidades)..."
Seu prognóstico ainda era otimista, pois não lhe restavam
mais que alguns minutos quando escreveu aquelas palavras. Seu corpo ficou
na redação de A Pátria, exposto à visitação
pública. o enterro realizou-se com cortejo de cerca de cem mil
pessoas. Na Academia, que então ficava no Silogeu Brasileiro, na
praia da Lapa, disse-lhe o discurso de adeus Carlos de Laet.
Obras: As religiões do Rio, reportagens (1905); Chic-chic, teatro
(1906); A última noite, teatro (1907); O momento literário,
inquérito (1907); A alma encantadora das ruas, crônicas (1908);
Cinematógrafo, crônicas (1909); Dentro da noite, contos (1910);
Vida vertiginosa, crônicas (1911); Os dias passam, crônicas
(1909); Dentro da noite, contos (1910); Vida vertiginosa, crônicas
(1911); Os dias passam, crônicas (1912); A bela madame Vargas, teatro
(1912); A profissão de Jacques Pedreira, novela (1913); Eva, teatro
(1915); Crônicas e frases de Godofredo de Alencar (1916); No tempo
de Wenceslau, crônicas (1916); A correspondência de uma estação
de cura, romance (1918); Na conferência da paz, inquérito
(1919); A mulher e os espelhos, contos (1919).
Fonte: Academia Brasileira de Letras |