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I Rebramam os ventos... Da negra tormenta ... |
I Rebramam os ventos... Da negra tormenta Nos montes de nuvens galopa o corcel... Relincha — troveja... galgando no espaço Mil raios desperta co'as patas revel. É noite de horrores... nas grunas celestes, Nas naves etéreas o vento gemeu... E os astros fugiram, qual bando de garças Das águas revoltas do lago do céu. E a terra é medonha... As árvores nuas Espectros semelham fincados de pé, Com os braços de múmias, que os ventos retorcem, Tremendo a esse grito, que estranho lhes é. Desperta o infinito... Co’a boca entreaberta Respira a borrasca do largo pulmão. Ao longe o oceano sacode as espáduas — Encélado novo calcado no chão. É noite de horrores... Por ínvio caminho Um vulto sombrio sozinho passou, Co’a noite no peito, co’a noite no busto Subiu pelo monte, — nas cimas parou. Cabelos esparsos ao sopro dos ventos, Olhar desvairado, sinistro, fatal, Diríeis estátua roçando nas nuvens, Pra qual a montanha se fez pedestal. Rugia a procela — nem ele escutava!... Mil raios choviam — nem ele os fitou! Com a destra apontando bem longe a cidade, Após largo tempo sombrio falou!... |
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