II
Um dia Eles chegaram. Sobre a estrada
Abriram à tardinha as persianas ...




II
Um dia Eles chegaram. Sobre a estrada
Abriram à tardinha as persianas;
E mais festiva a habitação sorria
Sob os festões das trêmulas lianas.

Quem eram? Donde vinham? — Pouco importa
Quem fossem da casinha os habitantes.
— São noivos —: as mulheres murmuravam!
E os pássaros diziam: — São amantes — !

Eram vozes — que uniam-se co’as brisas!
Eram risos — que abriam-se co’as flores!
Eram mais dous clarões — na primavera!
Na festa universal — mais dous amores!

Astros! Falai daqueles olhos brandos.
Trepadeiras! Falai-lhe dos cabelos!
Ninhos d’aves! dizei, naquele seio,
Como era doce um pipilar d’anelos.

Sei que ali se ocultava a mocidade...
Que o idílio cantava noite e dia...
E a casa branca à beira do caminho
Era o asilo do amor e da poesia.

Quando a noite enrolava os descampados,
O monte, a selva, a choça do serrano,
Ouviam-se, alongando a paz dos ermos,
Os sons doces, plangentes de um piano.

Depois suave, plena, harmoniosa
Uma voz de mulher se alevantava...
E o pássaro inclinava-se das ramas
E a estrela do infinito se inclinava.

E a voz cantava o tremolo medroso
De uma ideal sentida barcarola...
Ou nos ombros na noite desfolhava
As notas petulantes da Espanhola!