![]() |
![]() |
IV É noite! Treme a lâmpada medrosa Velando a longa noite do poeta ... |
IV É noite! Treme a lâmpada medrosa Velando a longa noite do poeta... Além, sob as cortinas transparentes Ela dorme... formosa Julieta! Entram pela janela quase aberta Da meia-noite os preguiçosos ventos E a lua beija o seio alvinitente — Flor que abrira das noites aos relentos. O Poeta trabalha!... A fronte pálida Guarda talvez fatídica tristeza... Que importa? A inspiração lhe acende o verso Tendo por musa — o amor e a natureza! E como o cácto desabrocha a medo Das noites tropicais na mansa calma, A estrofe entreabre a pétala mimosa Perfumada da essência de sua alma. No entanto Ela desperta... num sorriso Ensaia um beijo que perfuma a brisa... ... A Casta-diva apaga-se nos montes... Luar de amor! acorda-te, Adalgisa! V Hoje a casinha já não abre à tarde Sobre a estrada as alegres persianas. Os ninhos desabaram... no abandono Murcharam-se as grinaldas de lianas. Que é feito do viver daqueles tempos! Onde estão da casinha os habitantes? ... A primavera, que arrebata as asas..., Levou-lhe os passarinhos e os amantes!... Curralinho, 1870 |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |