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E durante o almoço a conversa generalizou-se... |
Horas depois felizmente rebentava o escândalo. Pela manhã, Mme. de Santarém dera queixa por lhe terem roubado um face å mam de madrepérola com incrustações de ouro sob desenhos, dizia ela, de um pintor húngaro. E o gerente pôs fora o criado Antônio, porque a ele faltavam também passadores de guardanapos - dois, três por dia. Antônio saiu protestando, furioso. Falou até de processo por perdas e danos. Era um ladrão cínico. E durante o almoço a conversa generalizou-se. Ninguém escapara. O que acontecera comigo acontecera com de Sousa, com o barão de Somerino, com o negociante tuberculoso, com o ex-vice-presidente da ex-missão do México, com a estrela revisteira, com o Dr. Melchior. Todos tinham sido roubados e confessavam por desabafar. Havia até mesmo recordações. O Dr. Pontes, o nosso caro Raul, indagava da genial Simões: - V. Excia. andava à cata do ladrão naquele dia em que a encontrei no corredor? - Não; ainda não sabia. Tive apenas um pressentimento. Acho que deviam prender o homem. - Mas não há provas! exclamava Mme. de Santarém. Não encontraram nada! Era esperto. No dia em que desapareceu o meu face å mam, não saí do quarto. - Roubos excepcionais... - Estamos no domínio dos ladrões geniais. - Precisamos de um grande agente dedutivo para resolver o crime... - E prender o Antônio copeiro? Ora para ladrões desse gênero basta a nossa polícia! Aliás o tal Antônio gatuno parecia mais um doente. O homem afinal não tirara nunca dinheiro, e as argolas de guardanapos do hotel eram lastimáveis como valores. Mas, fosse gatuno genial ou doente, Antônio partira e a confiança renascia. Passamos assim uma semana e, com grande pasmo nosso, Mme. de Santarém e a atriz Zulmira Simões, no mesmo dia, à mesma hora, encontraram em cima do lavatório, uma o seu face å mam, outra o seu berloque. É uma aventura! É um caso de diabolismo! sentenciava o negociante tuberculoso. |
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