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O Ministro saiu do baile da Embaixada, embarcando logo no carro.
Desde duas horas estivera a sonhar com aquele momento. Ansiava estar
só, só com o seu pensamento, pesando bem as palavras que proferira,
relembrando as atitudes e os pasmos olhares dos circunstantes. Por
isso entrara no cupê depressa, sôfrego, sem mesmo reparar se, de
fato, era o seu. Vinha cegamente, tangido por sentimentos
complexos: orgulho, força, valor, vaidade.
Todo ele era um poço de certeza. Estava certo do seu valor
intrínseco; estava certo das suas qualidades extraordinárias e
excepcionais. A respeitosa atitude de todos e a deferência universal
que o cercava eram nada mais, nada menos que o sinal da convicção
geral de ser ele o resumo do país, a encarnação dos seus anseios.
Nele viviam os doridos queixumes dos humildes e os espetaculosos
desejos dos ricos. As obscuras determinações das coisas,
acertadamente, haviam-no erguido até ali, e mais alto
levá-lo-iam, visto que ele, ele só e unicamente, seria capaz de
fazer o pais chegar aos destinos que os antecedentes dele impunham...
E ele sorriu, quando essa frase lhe passou pelos olhos, totalmente
escrita em caracteres de imprensa, em um livro ou em um jornal
qualquer. Lembrou-se do seu discurso de ainda agora.
"Na vida das sociedades, como na dos indivíduos..."
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