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QUE MARAVILHA TINHA ALGO DE FILOSÓFICO, DE TRANSCENDENTE... |
Que maravilha Tinha algo de filosófico, de transcendente. E o sucesso daquele trecho? Recordou-se dele por inteiro: "Aristóteles, Bacon, Descartes, Spinosa e Spencer, como Sólon, Justiniano, Portalis e Ihering, todos os filósofos, todos os juristas afirmam que as leis devem se basear nos costumes..." 0 olhar, muito brilhante, cheio de admiração - o olhar do líder da oposição - foi o mais seguro penhor do efeito da frase... E quando terminou! Oh! "Senhor, o nosso tempo é de grandes reformas; estejamos com ele: reformemos!" A cerimônia mal conteve, nos circunstantes, o entusiasmo com que esse final foi recebido. O auditório delirou. As palmas estrugiram; e, dentro do grande salão iluminado, pareceu-lhe que recebia as palmas da Terra toda. O carro continuava a voar. As luzes da rua extensa apareciam como um só traço de fogo; depois sumiram-se. O veículo agora corria vertiginosamente dentro de uma névoa fosforescente. Era em vão que seus augustos olhos se abriam desmedidamente; não havia contornos, formas, onde eles pousassem. Consultou o relógio. Estava parado? Não; mas marcava a mesma hora e o mesmo minuto da saída da festa. - Cocheiro, onde vamos? Quis arriar as vidraças. Não pôde; queimavam. Redobrou os esforços, conseguindo arriar as da frente. Gritou ao cocheiro: - Onde vamos? Miserável, onde me levas? Apesar de ter o carro algumas vidraças arriadas, no seu interior fazia um calor de forja. Quando lhe veio esta imagem, apalpou bem, no peito, as grã-cruzes magníficas. Graças a Deus, ainda não se haviam derretido. O leão da Birmånia, o dragão da China, o língam da Índia estavam ali, entre todas as outras intactas. - Cocheiro, onde me levas? Não era o mesmo cocheiro, não era o seu. Aquele homem de nariz adunco, queixo longo com uma barbicha, não era o seu fiel Manuel. - Canalha, pára, pára, senão caro me pagarás! |
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